Crítica fundamental

crítica fundamental - Primavera de Spangler

A Cirurgia Vascular padece de uma crítica fundamental. Embora adotando medidas heroicas restauradoras das artérias dos órgãos vitais, salvando um doente da hemiplegia ou tirando o paciente de uma hipertensão maligna ela não trata da doença básica, mas, apenas, cuida de uma complicação como a estenose ou obstrução causada pelo ateroma localizado na artéria nutriente do órgão, ou a insuficiência de válvula venosa, redirecionando o fluxo venoso, ou mesmo a dilatação e fragilidade da parede do vaso.

Tratar da doença sistêmica não lhe cabe. A glória dessa conquista ficará um dia, quem sabe, para a bioquímica e genética. Enquanto isso não ocorrer, vai a cirurgia vascular progredindo a passos largos à custa de seus métodos restauradores e de diagnóstico. Avanços importantes na prevenção também ajudam a evitar a necessidade cirúrgica futura.

Algumas etapas podem ser nitidamente marcadas. Para isso, muito contribuíram as guerras. Basta lembrar que, na 2ª Grande Guerra, a metade das vítimas de ferimentos arteriais terminava em amputação dos membros, ao passo que na Guerra da Coréia, onde os métodos de restauração já foram adotados, o número de amputações naqueles casos ficou abaixo de 20% e na Guerra do Vietnã, esse número foi equivalente ao da clínica civil que é inferior a 10%. Mais recentemente, na guerra do Iraque e Afeganistão ficou claro que o salvamento do membro a curto prazo é possível em 90% dos casos, mas, a amputação secundária e a deficiência continua sendo um problema1,2. Tudo graças às técnicas de revascularização, aplicadas surpreendentemente em somente metade dos casos. Percebe-se um aumento histórico nas taxas de lesão vascular nas guerras (Figura 1), também por mudança da visão estratégica da guerra, onde é mais efetivo para o objetivo do combate, e com certeza mais mórbido, lesar um combatente a ponto de ter serem obrigados a retirá-lo do campo de batalha às custas de outros combatentes, do que levá-lo ao óbito instantaneamente.

Imagem de ultrassom vascular mostrando fluxo sanguíneo em cores diferentes - Crítica fundamental. Esta imagem ilustra o fluxo sanguíneo em diferentes cores, capturado por meio de um ultrassom vascular. É uma ferramenta importante para avaliar a saúde vascular e pode ajudar a identificar problemas como coágulos sanguíneos e estreitamento das artérias. Esta imagem é relevante para o post "Crítica fundamental", que discute a importância da avaliação vascular na prevenção de doenças cardiovasculares.
Figura 1 – Taxa de lesões vasculares na guerra
Guerra e a cirurgia vascular

1.        White JM, Stannard A, Burkhardt GE, et al. The epidemiology of vascular injury in the wars in Iraq and Afghanistan. Ann Surg 2011; 253: 1184–1189.

2.        Patel JA, White JM, White PW, et al. A contemporary, 7-year analysis of vascular injury from the war in Afghanistan. J Vasc Surg 2018; 68: 1872–1879.

>
Rolar para cima