Últimamente tem-se falado muito da espuma como tratamento das varizes e vasinhos. É uma técnica que merece ser discutida com seu cirurgião vascular.

A espuma de oxypolyethoxydodecane foi, no início estudada como anestésico, porém demonstrou-se mais eficaz em fechar veias do que para anestesiar. O oxypolyethoxydodecane tem outro nome, mais comum, mas por incrível que pareça o Google penaliza a página quando escrevo esse nome… Sério. Então vou usar o nome científico, e o mais comum você pode ouvir no video aí em cima. Mas esse efeito anestésico fraco traz o benefício de ser uma substância praticamente indolor ao ser injetada. O oxypolyethoxydodecane é um detergente que quando agitado forma espuma, e, ao utilizar a técnica de Tessari para formar espuma, essa espuma torna-se densa (método da espuma densa), de modo que ocupa todo o espaço do vaso. Ao preencher o vaso, a espuma de oxypolyethoxydodecane causa destruição do endotélio levando a trombose quimica localizada. Essa trombose quimica pode evoluir com a recanalização ou com a fibrose do vaso, que é o resultado desejado. Ao fechar o vaso, fecha-se as varizes.

Apesar de ter resultados animadores, a técnica possui características e desvantagens que devem ser consideradas, como o alto índice de manchas (entre 20 a 30% dos casos), a possibilidade de reações alérgicas e o risco de trombose, até mesmo óbito. Um caso foi recentemente publicado de óbito por embolia pulmonar 1
Um outro artigo que comparou o laser, a radiofrequência, cirurgia e a espuma mostrou claramente que as medidas de melhora na qualidade de vida é similar nas técnicas, porém o laser e radiofrequencia tiveram menos complicações, porém a espuma demonstrou uma melhora na qualidade de vida menor que nas outras técnicas, além de uma taxa de fechamento da veia menor, que significa que é necessário repetir o tratamento (e os riscos) para atingir o resultado desejado2. Esse trabalho foi publicado numa das revistas mais respeitadas da área médica a NEJM.
Resumindo, para quem já tem manchas, está nas fases mais avançadas da doença, deseja evitar outros tipos de procedimento, ou possui riscos cirúrgicos elevados, a técnica da espuma densa para tratamento de varizes deve ser cogitada e discutida com seu cirurgião vascular.
Porém, seguindo as melhores práticas e diretrizes internacionais3,4,5, para aqueles que buscam resultado estético além do tratamento da doença, e querem minimizar os riscos de recanalização, devem optar por técnicas mais definitivas, como o laser, radiofrequencia e mesmo a cirurgia tradicional.
Todas as técnicas tem seu espaço no tratamento das varizes, simplesmente porque nenhuma delas atingiu excelência em todos os quesitos: preço, eficácia, eficiência, segurança, velocidade, invasividade, recorrência, riscos, etc. Existem técnicas excelentes para tratamento de varizes hoje em dia, técnicas muito melhores do que as disponíveis há 2 décadas, sendo uma área intensamente estudada e onde muitas novidades estão para aparecer, tanto com novas técnicas quanto a associação de técnicas já existentes.
O grande segredo está em identificar qual a melhor técnica para cada paciente em seu contexto pessoal, e essa escolha deve ser feita em conjunto com o cirurgião vascular.
Leia os seguintes artigos:
- Laser melhor que espuma
- Espuma vs Laser e Cirurgia tradicional para varizes
- Qual a melhor técnica para tratamento dos vasinhos? Glicose, crioglicose, oxypolyethoxydodecane, espuma ou laser?
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Fonte:
- Bruijninckx, Cornelis Ma. “Fatal Pulmonary Embolism Following Ultrasound-guided Foam Sclerotherapy Combined with Multiple Microphlebectomies.” Phlebology / Venous Forum of the Royal Society of Medicine 31, no. 7 (2016)
- Brittenden, Julie, Seonaidh C Cotton, Andrew Elders, Craig R Ramsay, John Norrie, Jennifer Burr, Bruce Campbell, and others. “A Randomized Trial Comparing Treatments for Varicose Veins.” The New England journal of medicine 371, no. 13 (2014)
- “MANAGEMENT OF CHRONIC VENOUS DISORDERS OF THE LOWER LIMBS GUIDELINES ACCORDING TO SCIENTIFIC EVIDENCE.” (2014).
- De Maeseneer, M G R, and S K van der Velden. “Managing Chronic Venous Disease: An Ongoing Challenge.” European journal of vascular and endovascular surgery : the official journal of the European Society for Vascular Surgery 49, no. 6 (2015)
- Gloviczki, P, and M L Gloviczki. “Guidelines for the Management of Varicose Veins.” Phlebology / Venous Forum of the Royal Society of Medicine 27 Suppl 1 (2012)