Trombose Venosa Profunda

Cérebro

Você já ouviu falar sobre a trombose venosa profunda (TVP)? Essa é uma doença que afeta o sistema venoso e pode ter inúmeras causas e fatores de risco. Ela pode evoluir para doenças mais sérias e precisa ser tratada o quanto antes. Para te ajudar a entender mais sobre essa doença e como preveni-la, a cardiologista Prof. Dra. Marisa Amato escreveu um artigo completo e informativo sobre o assunto. Ela aborda desde o que é a TVP, seus sintomas, causas e fatores de risco, até o tratamento que deve ser realizado na fase aguda com o objetivo de reduzir o trombo. Com esse artigo, você poderá se informar e estar mais preparado para prevenir e lidar com essa doença, que pode ser grave e afetar a qualidade de vida das pessoas. Leia mais e fique por dentro do assunto!

Sumário

Já falamos sobre trombose venosa profunda (TVP) antes, mas como é um assunto muito importante e que necessita de tratamento rápido, é sempre bom relembrar. A trombose venosa profunda é uma doença que afeta o sistema venoso, provoca dor e inchaço na região afetada e tem inúmeras causas e fatores de risco. Pode evoluir para doenças mais sérias e precisa ser tratada o quanto antes. Veja com mais detalhes a seguir.

 

Trombose Venosa Profunda: o que é

Como o nome já diz, a trombose venosa profunda é uma doença que acontece subitamente após a formação de um trombo (uma espécie de coágulo) dentro do sistema venoso mais profundo. A doença atinge especialmente as pernas e coxas, mas também pode afetar os membros superiores.

Esse trombo pode ainda seguir o trajeto da veia e obstruir o fluxo sanguíneo, mesmo distante do local em que se formou, levando a condições de saúde grave. De acordo com pesquisas médicas, 1 em cada 4 pessoas morre em todo o mundo em decorrência das complicações da TVP.

No vídeo, o palestrante discute a importância de entender a trombose venosa profunda (TVP), que é a formação de um coágulo sanguíneo dentro de uma veia, especialmente nas veias profundas da perna. A TVP pode levar a complicações graves, como embolia pulmonar (EP), um bloqueio dos vasos sanguíneos nos pulmões, o que pode ser fatal. O palestrante explica os fatores de risco para a TVP, como câncer, TVP prévia, fatores genéticos, imobilização e desidratação, e enfatiza a necessidade de atendimento médico imediato se alguém apresentar sintomas como dor e inchaço na perna. O tratamento para a TVP geralmente envolve medicação anticoagulante e evitar outros fatores de risco. O palestrante também discute as possíveis complicações de longo prazo da TVP, como a síndrome pós-trombótica, que pode levar a dor crônica e desconforto.

Uma em cada dez mortes no hospital ocorre por embolia pulmonar. 500 mil mortes por ano na Europa por embolia pulmonar, 300 mil mortes por ano nos Estados Unidos. A embolia pulmonar causa mais mortes do que câncer de mama, Aids, câncer de próstata e acidentes automobilísticos somados no mundo. Chamei sua atenção? Embolia pulmonar é importante? A questão é que o que leva à embolia pulmonar é a trombose venosa profunda, e eu me assustei que eu não tinha feito um vídeo falando da trombose venosa profunda aqui nesse canal. Então estou corrigindo esse erro agora! Vamos falar sobre essa doença que é extremamente preocupante, que todo mundo tem que se atentar, e realmente quando alguém fala trombose é para se preocupar, não no intuito de ficar preocupado, perdido, mas de buscar informação, buscar atendimento médico. Então em primeiro lugar o que é a trombose venosa profunda? Trombose venosa profunda nada mais é do que sangue coagulação dentro de uma veia e de uma veia específica, uma veia que está lá no sistema venoso profundo e não no sistema venoso superficial. Essa separação é importante, porque quando esse sangue coagulação numa veia superficial, a gente chama de Tromboflebite superficial. Até essa nomenclatura é diferente para não causar tanto temor. Então porque a trombose acaba sendo então para as veias profundas, quando a gente fala trombose geral, a gente está falando de veia profunda ou de uma trombose arterial, mas este vídeo aqui é sobre trombose venosa. Por que tem essa diferenciação? Por causa do risco de levar a uma embolia pulmonar, uma trombose superficial uma tromboflebite tem um risco pequeno de levar a uma embolia pulmonar. Agora uma trombose venosa profunda, esse risco vai aumentando e quanto mais proximal ao coração essa trombose, maior o risco. Então se a gente está falando de uma trombose bem distal, lá na planta do pé, esse risco de embolia é pequeno, mas uma trombose venosa de uma veia iliaca ou uma veia cava, tem um risco enorme de ter uma embolia pulmonar, então por isso essa separação. Então o que leva à formação desse coágulo no sangue é a trombogênese, ou seja, a capacidade de formar um trombo, gerar um trombo. Isso foi descrito há muito tempo atrás por Virchow como uma tríade, são três fatores principais. Então o primeiro é a lesão do endotélio, que significa o que um pequeno trauma nessa parede do vaso. O segundo que é a alteração no sangue e aumento da coaguabilidade, são as trombofilias e em terceiro lugar a estase sanguínea. Então se o sangue ficar parado por muito tempo, ele também aumenta a probabilidade de formar um trombo, se ele ficar parado, ele vai ele vai coagular e nós temos no nosso sangue um equilíbrio muito tênue para manter a fluidez desse sangue, esse equilíbrio é entre os fatores pró-coagulantes e os fatores anticoagulantes. Sim! Nós temos anticoagulantes naturais no nosso corpo, que aliás se eles diminuírem muito acaba causando uma trombofilia, acaba gerando uma probabilidade maior de causar um trombo. Agora do ponto de vista da trombose venosa profunda, a gente tem que pensar o que ela pode levar, porque a trombose em si ela vai causar uma inflamação naquele local, vai causar a dor, vai causar um inchaço, a gente pode se preocupar com esses sintomas, mas não é isso que traz a relevância para trombose, o que traz a relevância são as suas complicações. Então em primeiro lugar, a embolia, a embolia pulmonar é disparado a complicação principal que a gente tem que se preocupar, porque ela leva sim a óbito, ela leva à morte muito frequentemente. Então em primeiro lugar a gente trata trombose, não por causa da trombose, mas para evitar a embolia pulmonar. Uma segunda complicação também aguda seriam as flegmasias, as flegmasias são trombose maciças, são realmente complicações bem graves, mas felizmente elas são bem raras. Não é algo que você tem que se preocupar com tanta frequência assim e chegando no atendimento médico, a gente na maior parte das vezes consegue ajudar, desde que seja com tempo hábil para isso. Agora a gente pode pensar na complicação mais tardia da trombose venosa profunda que seria a síndrome pós-trombótica, então uma pessoa teve uma trombose hoje, daqui a dez anos pode ter varizes, pode ter insuficiência venosa, tudo decorrente dessa trombose inicial. Então tudo o que a gente faz é para evitar a embolia em primeiro lugar, evitar uma flegmasia também embora mais rara. Obviamente, a gente vai ter que tratar também os sintomas que podem incomodar, mas também evitar uma síndrome pós-trombótica no futuro. Cirurgia para trombose venosa não é tão frequente assim. Existem alguns procedimentos que podem ser feitos, então a colocação de um filtro de veia cava que tem uma indicação bem restrita. Não é rotina em nenhum caso, especificamente quem tem a impossibilidade do tratamento com a anticoagulação, por exemplo, é uma das necessidades de colocar um filtro de veia cava. Existem outras cirurgias que seriam a retirada desse trombo, são métodos físicos, por métodos químicos, farmacológicos e esses medicamentos, eles podem quebrar esse trombo e você pode pensar “Puxa, isso é tão legal, acho que deve funcionar para todo mundo.” Mas na verdade são cirurgias que têm um risco e que você tem que colocar na balança o risco benefício. Então normalmente elas vão evitar aí a grande indicação e evitar aquela síndrome pós trombose no futuro, então se a gente tira esse trombo, esse trombo, ele não vai causar uma reação inflamatória muito grande nessa parede do vaso, não vai destruir as válvulas venosa, de modo que não leva aquela síndrome pós traumática no futuro. A questão é quem vai se beneficiar disso? Normalmente são as pessoas mais jovens que têm menos risco cirúrgico e cuja trombose foi muito extensa maciça de forma que a probabilidade de ter essa síndrome pós-trombótica é muito alta. Então esse não é um procedimento para evitar uma embolia pulmonar, por exemplo. Então o tratamento você tem que levar muito, muito, muito a sério, se foi feito o diagnóstico de trombose, você tem que tratar rigorosamente e assim existem algumas novidades que são muito boas por um lado, mas elas atrapalham por outro. Então eu lembro no meu início de carreira que a gente não tinha muita opção de medicamento para fazer anticoagulação e os medicamentos que a gente tinha à disposição, eram medicamentos que necessitavam um rigor e que a gente precisava ficar acompanhando quase que diariamente a alteração no sangue. Então eu lembro até que a gente pedir às vezes fax para o paciente, mandar o resultado do exame para a gente acompanhar semanalmente essa evolução. A questão é que isso mostrava para o paciente o quanto era necessário e importante esse controle. Os medicamentos atuais são os novos anticoagulantes, eles não precisam desse rigor todo no acompanhamento. Só que ao retirar esse rigor todo e facilitar a vida do paciente, alguns não levam tão a sério o tratamento. Pode esquecer um medicamento, pode esquecer a importância do medicamento, e pode esquecer a razão pela qual a gente está tratando. Aí eu volto tudo o que eu falei, e é por causa da embolia pulmonar. A gente está tratando a trombose para evitar uma embolia pulmonar e consequentemente evitar um óbito. Então por isso é extremamente importante você seguir à risca a orientação do seu médico, não é para parar com anticoagulante sem a indicação e o acompanhamento médico. E não é para continuar também sem o rigor de um acompanhamento médico. Faça consultas periódicas e isso é muito importante. Agora para fazer o diagnóstico da trombose, a gente precisa de dois sinais principais são dor e inchaço, o paciente vai se queixar de dor inchaço, só que dor inchaço é extremamente genérico e frequente, quem nunca teve dor e inchaço nas pernas e não necessariamente isso foi uma trombose. Tem, por exemplo, a Síndrome da pedrada, uma lesão muscular fazendo esporte, subindo escada que também causa dor e inchaço e não é uma trombose. Então só isso não é o suficiente, a gente tem que usar os critérios de fatores de risco. Quanto mais fatores de risco, mais chance dessa dor e inchaço ser decorrente de uma trombose. Então quais são os fatores de risco mais comuns? Neoplasia, o câncer ou o próprio tratamento para o câncer, a quimioterapia também pode desencadear trombose. Uma trombose prévia, quem já teve uma trombose já entra em um grupo de pessoas que têm uma probabilidade maior de ter trombose. Uma trombofilia, uma doença na cascata da coagulação do sangue, uma doença do sangue que aumenta a probabilidade de ter trombose. O uso de anticoncepcionais também aumenta o risco, aumenta um pouquinho, mas aumenta, uma gravidez aumenta mais ainda o risco de uma trombose. Esses são fatores comuns existem também, por exemplo, o trauma, um politraumatizado principalmente, a imobilização de um membro, então se alguém ficou imobilizado por muito tempo, usando o gesso, usando alguma bota ortopédica ou uma cadeira de rodas, vai causar essa imobilidade que é um fator de risco para trombose. A desidratação, então quem toma pouca água, e às vezes, toma muito pouca água, fica desidratado, isso também aumenta o risco de trombose. A idade, passou dos 40 anos já tem um risco maior de ter trombose, varizes que é extremamente frequente na população também é um fator de risco para trombose, não quer dizer que quem tem varizes, todo mundo vai ter trombose, não é isso! É que você vai somando um fator de risco ao outro. Na verdade, não é nem somar, você vai multiplicar, porque quanto mais fatores você vai aumentando exponencialmente o risco de desenvolver uma trombose. Então tendo esses fatores, tendo dor e inchaço, a probabilidade de ser uma trombose aumenta. Então é necessário uma avaliação médica, muitas vezes com o exame de sangue ou um exame de imagem para comprovar esse diagnóstico. Gostou do nosso vídeo! Inscreva-se no nosso canal, compartilhe com seus amigos e até o próximo!

Trombose venosa profunda aguda

A fase aguda da doença é aquela em que o próprio corpo se encarrega de desfazer o coágulo. Normalmente, é a fase do surgimento do problema. É o momento ideal para tratar e agir de forma preventiva.

Trombose venosa profunda crônica

A fase crônica se caracteriza pela evolução da doença, já com algumas complicações nas paredes das veias, como o surgimento de varizes, dor, vermelhidão, inchaço, rigidez na pele, dermatite ocre e úlcera.

Principais sintomas da trombose venosa profunda

Quando é formado, o coágulo gera uma obstrução do fluxo de sangue causando um acúmulo do líquido na região afetada. Nesse momento, o corpo tenta combater essa agressão iniciando um processo inflamatório. 

E é por isso que surgem os sintomas da doença. Assim, se essa trombose acontece nas veias profundas da perna, encontraremos uma perna inchada, dolorosa e mais quente se comparada com a outra perna. Confira a seguir os sintomas:

  • Dor;
  • Inchaço;
  • Temperatura mais alta na perna atingida;
  • Sensação de rigidez
  • Vermelhidão;

Se esse trombo se desprende e chega ao pulmão, pode dificultar grande parte da troca gasosa, levando a uma intensa e súbita falta de ar. A esse evento chamamos de tromboembolismo pulmonar ou, embolia pulmonar (EP). Outros sintomas são:

  • Dificuldade para respirar que se intensifica com a realização de esforço físico;
  • Dor na região das costas, muito semelhante a um infarto;
  • Tosse com a presença ou não de muco.

Como vimos, a trombose venosa profunda também pode atingir os membros superiores apresentando sintomas, como:

  • Dor;
  • Desconforto;
  • Inchaço (edema);
  • Dormência;
  • Sensação de fraqueza.

A trombose venosa profunda nem sempre é identificada na fase inicial e pode levar a sequelas e mesmo a óbito pelo acometimento pulmonar. 

Por isso, também é chamada de doença assintomática pois, na maioria dos casos, não apresenta sintomas e, quando surgem, não são facilmente assimilados pelo paciente. Contudo, vale a pena ficar atento a esses sinais para que a doença seja identificada o mais rápido possível.

Quais são as causas da trombose venosa profunda?

A trombose venosa profunda pode ser causada por algumas razões específicas. Ela acontece mais comumente em pessoas hospitalizadas e imobilizadas como aquelas que estão passando por pós-cirurgias ou que, por qualquer motivo, não podem se movimentar.

Também é uma característica de quem faz viagens frequentes de avião e permanece por muitas horas na mesma posição, inviabilizando o fluxo sanguíneo e sua trajetória natural pelas veias e artérias.

Além disso, gestantes, portadores de doenças inflamatórias ou degenerativas e, em algumas situações, indivíduos previamente saudáveis também podem sofrer com a doença.

Os motivos pelos quais a trombose venosa surge já são conhecidos há mais de 100 anos e é denominado de  tríade de Virchow, ou seja, há três condições clássicas que predispõem à trombose: 

  1. A lesão da parede de um vaso que impede a circulação; 
  2. O represamento do sangue venoso dentro das veias; 
  3. Qualquer situação em que há uma tendência de o sangue coagular mais facilmente.

Além disso, também temos os fatores de risco que, apesar de não causarem diretamente a doença, fazem com que o indivíduo se torne mais suscetível ao problema. Os principais são:

Tabagismo: as substâncias presentes no cigarro causam sérios danos às paredes de vasos, veias e artérias, prejudicando a circulação sanguínea;

Uso de anticoncepcionais e realização de tratamento hormonal: os hormônios aumentam o risco da formação dos coágulos;

Hereditariedade: lesões ou deformidades nas paredes das veias podem ter fator genético, o que aumenta o risco da doença, assim como acontece com quem tem algum parente que já sofreu com a trombose venosa profunda;

Presença de varizes: as varizes são veias doentes e que impedem a circulação sanguínea;

Obesidade: estar acima do peso aumenta as chances da TVP, uma vez que a composição química do sangue é alterada e a inflamação do corpo aumenta. Também supõe-se que a pessoa obesa tem baixa mobilidade, o que eleva o risco de sofrer com a doença.

Além disso, outros fatores de risco são:

  • Insuficiência cardíaca;
  • Câncer;
  • Sobrepeso;
  • Idade avançada;
  • Uso de alguns medicamentos.

Como tratar a trombose venosa profunda

O tratamento deve ser realizado na fase aguda com o objetivo de reduzir o trombo, prevenir a ocorrência da complicação pulmonar e diminuir o represamento venoso. 

Para isso, são utilizados medicamentos anticoagulantes que devem ser indicados e manuseados somente por médicos, pois possuem riscos. O médico especialista no tratamento da trombose é o cirurgião vascular.

Além disso, podem ser necessárias outras medidas para evitar a complicação pulmonar, como:

  • A inserção de um filtro na veia cava – importante veia que leva o sangue até o coração;
  • O uso de meias elásticas para a elastocompressão e;
  • O uso de medicamentos sintomáticos.

Fica fácil perceber também que pessoas sedentárias e obesas têm uma maior tendência à trombose. O mesmo acontece após cirurgias, pois o estresse do corpo gera uma tendência à coagulação associada à imobilidade na cama. 

Nesses casos, portanto, a prevenção ocorre pelo cultivo de hábitos de vida saudável, por estar em dia com seu check-up vascular e também por ter acompanhamento e orientação médica em relação a outras condições inerentes à saúde.

Assim, o tratamento deve ser realizado de forma preventiva e não só com foco na solução dos sintomas. Apesar de incômodos, os sinais da trombose venosa profunda não são a causa, mas uma manifestação da doença. E a causa é que deve ser, de fato, tratada.

A trombose venosa profunda é uma doença grave, com complicações sérias e mais comum do que se imagina, infelizmente. Ficar atento aos sintomas, conhecer os fatores de risco e tentar ficar longe deles, e manter uma rotina regular de visitas ao médico são medidas importantes de combate e controle da doença.

 

 
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