Substâncias Naturais no Tratamento de Feridas: Entre a Tradição e a Ciência Moderna

O uso de substâncias naturais como açúcar, mel, e mamão papaia no tratamento de feridas e úlceras é um tema fascinante que mescla conhecimento tradicional com investigações científicas modernas. Este artigo explora o potencial desses métodos alternativos para a cicatrização de feridas, destacando tanto os benefícios quanto as limitações baseadas em evidências científicas e práticas clínicas atuais.

Sumário

O Dr. Alexandre Amato, cirurgião vascular do Instituto Amato, discute técnicas alternativas de tratamento de feridas e úlceras, focando em métodos não tradicionais como açúcar, mamão papaia, mel e ácido linóleo. Ele relembra o uso histórico do açúcar na medicina, descreve as propriedades antimicrobianas do mel e questiona a eficácia do papaia baseado em seu uso durante a Segunda Guerra Mundial. Enfatiza a importância de diagnosticar a causa da ferida antes de aplicar tratamentos e alerta sobre os riscos da automedicação sem conhecimento apropriado. A vídeo aula termina com recomendações para cuidados preventivos com a pele e a gestão de condições subjacentes como diabetes.

E ai você já ouviu que açúcar, mel ou papaia numa ferida pode ajudar? Sabia que isso realmente está descrito na literatura e isso foi estudado e é um assunto importante? Eu sou Dr. Alexandre Amato, cirurgião vascular do Instituto Amato e hoje vou falar sobre as técnicas alternativas de tratamento de feridas e úlceras e o que pode ser feito, o que não pode ser feito. Então será que o açúcar na ferida ajuda? Você já ouviu isso? Normalmente os avós traz aquele conhecimento milenar lá de trás. E sim, o açúcar já foi descrito lá em 1600 e alguma coisa como uma alternativa de tratamento. Então será que hoje em dia ainda faz sentido a gente usar isso? Então, hoje a gente vai explorar alguns métodos não tradicionais, como o açúcar, o mamão papaia, como o mel, como ácido linóleo e cocção e alternativas para a cicatrização das feridas e úlceras. E eu vou falar até o final do vídeo um método que é seguro, que é descrito e que é recomendado para fazer em casa. Eu sou de uma época em que lá atrás, lá na residência de cirurgia geral, eu vinha fazendo o curativo com açúcar dentro do hospital. Não era fácil, era controverso. Tinha chefe que aceitava, tinha chefe que não aceitava. Mas eu vi ser feito. Então o açúcar, como é amplamente disponível aqui na América do Sul e no Brasil, principalmente com a produção de bastante cana de açúcar, a gente tem bastante açúcar. Seria interessante se a gente poderia usar isso como tratamento da ferida, se realmente funciona, será que não? Por outro lado, o mel é muito rico em açúcar, mas ele também tem vários flavonóides, tem alguns efeitos até antimicrobianos. Será que vale a pena? Eu tenho um vídeo inteiro aqui sobre Mel. Mostra de atividade anti-inflamatória a mostra que ajuda a evitar o crescimento bacteriano e tem um monte de efeito antioxidante. Será que isso ajuda na cicatrização de feridas? Só que, por outro lado, é preciso lembrar que a hiperglicemia, o aumento do açúcar no sangue, ele tem um efeito diretamente oposto. Então, quando tem um aumento do açúcar no sangue, há uma dificuldade do fechamento da ferida. Dúvida? É só ver quem tem diabetes. Quem tem diabetes, tem um aumento da glicemia e não consegue fechar as feridas. Obviamente, tem vários outros fatores envolvidos, como a neuro degeneração, a perda da sensibilidade, a perda da microcirculação. Mas o aumento da glicemia está diretamente relacionado com a dificuldade da cicatrização e o uso da papaia. Da onde eu tirei isso? Será que você já ouviu falar alguém usar mamão papaia para tratar a ferida? Comenta lá embaixo o que eu quero saber. Isso começou lá na Segunda Guerra Mundial. A papaia é uma substância que causa um desbragamento, ou seja, acaba removendo o tecido desvitalizado. O tecido morto, então, tem sim um efeito. Mas será que isso é bom? E no Brasil a gente usa bastante também o ácido helênico, que ajuda a hidratar a pele e ajuda a proteger a lesão. E são usadas tanto na prevenção quanto no tratamento de feridas e úlceras. Agora é preciso lembrar que essas técnicas, elas são baseadas em tradição e economia. As pessoas querem usar e isso porque é barato e porque ouviram falar. E também traz essa esse conhecimento milenar. E a gente vê que isso é distribuído no mundo, principalmente em países onde há uma carência maior, há uma busca maior por esse tipo de tratamento. Agora, será que faz sentido hoje em dia, com a medicina moderna, a gente usar tudo isso? Vamos lá. Ponto fundamental em tratamento de qualquer ferida ou ulcera é fazer um diagnóstico e entender o porque que ela apareceu. Porque não adianta a gente ficar passando alguma entre aspas aí pomada ou creme pra cicatrizar sem saber o que causou, porque às vezes a causa continua lá e aí você está pisando no freio, no acelerador e ao mesmo tempo você está usando alguma coisa pra cicatrizar mais a causa da lesão continua lá, gerando mais um. Será? Então a gente tem que entender o que está acontecendo. O diagnóstico é fundamental. E quando a gente fala de ferida e úlcera, de membros inferiores, então, primeiro só lembrando ferida é aquela coisa mais aguda e dentro de 15 dias fez uma ferida e ela cicatriza em 15 dias. Quando leva mais de 15 dias, ela acaba virando uma úlcera. E quando ele fala de membros inferiores de ferida e úlcera, a gente normalmente está falando de alguma questão vascular que pode ser arterial ou que pode ser venosa quando é arterial e porque não está chegando o sangue lá no local e acaba causando uma isquemia e uma gangrena que abre uma ferida. E quando a gente tá falando de venoso é porque o sangue está lá, estagnado, causando uma hipertensão e uma reação inflamatória naquela região que acaba danificando o tecido. Uma outra causa vascular muito importante é a diabetes ou o pé diabético, que vai causar o dano na microcirculação e também neurodegenerativa. Então as pessoas que tem o pé diabético não vão sentir dor e aí acaba fazendo pequenas feridinhas que infecciona muito facilmente e acaba evoluindo para uma ferida enorme. Então, falando dessas feridas e úlceras em membros inferiores, normalmente a gente está falando de uma questão vascular e eu acabei de falar aqui. Se a gente não faz chegar sangue numa lesão arterial, de que adianta eu colocar uma pomadinha para cicatrizar se eu estou com uma lesão venosa e que está causando uma baita de uma estase venosa? Lá estou passando pomadinha para cicatrizar, mas a estase venosa continua. De que adianta? É só levantar e ficar de pé que abre tudo de novo. Então a primeira coisa que tem que fazer é entender, diagnosticar a causa e tirar ela da equação. A segunda coisa é avaliar se tem ou não tem infecção associada. E isso é muito importante se tiver bactéria vivendo lá, comendo o tecido. De que adianta eu passar uma pomadinha para cicatrizar? Não vai cicatrizar porque a bactéria vai proliferar e continuar comendo esse tecido. E como que a gente sabe se tem infecção? Porque por definição, a gente tem bactéria em todo nosso corpo. Se eu passar aqui, eu tenho bactéria na minha pele e obviamente todo mundo vai ter bactéria nas feridas. Mas a pergunta é ela está colonizada por essas bactérias que estão só vivendo ali e não estão se aproveitando? Ou ela está realmente infeccionada? Está causando uma reação sistêmica inflamatória, está trazendo pus, está trazendo febre e todo um contexto onde tem um consumo desse corpo, porque se tiver infecção a gente tem que tratar infecção. De nada adianta eu ficar passando algo ou qualquer coisa que seja pra simplesmente tentar cicatrizar. Agora não uma ulcera. A gente pode ter o tecido desvitalizado, tecido morto que está lá. O fibrina são substâncias que vão dificultar esse, essa cicatrização, essas substâncias. Elas precisam ser removidas e aí é um processo chamado desvendamento, que é a limpeza da ferida. Isso tem várias formas de ser feito. Pode ser feito desde o centro cirúrgico, quando é muita coisa, a gente vai tirando com uma lâmina, tem vigência de uma anestesia ou se for algo menor, a gente pode fazer um debilitamento químico com algumas substâncias. E aí entra o que se usava lá atrás do mamão papaia, papaia e excelente substância que causa debilitamento químico. Acontece que causa muito desbotamento químico e não dá para controlar tão fácil assim. Às vezes você coloca numa ferida e sim tira todo o tecido desvitalizado e tira tecido bom também. Então não é recomendável usar papa aí, porque você não consegue controlar o que está sendo tirado. E se você tira aquelas células lá que estavam granulado, bonitinho, querendo fechar a ferida, você vai acabar danificando e mantendo aberto. Agora existe o desbloqueamento físico que a gente pode fazer e que é super simples Precisa de uma seringa de 20 ml, Se precisa de soro é precisa de uma agulha. A gente enche essa seringa com o soro e a gente faz o desprendimento físico jogando esse soro em cima da ferida. Só que tem que ser com pressão. Então a gente pega esse soro e injeta com bastante pressão e ele vai acabar limpando e tirando esse tecido desvitalizado. Agora, se a ferida está infectada, a gente precisa tratar sistemicamente, muitas vezes com antibiótico. E se ela não estiver infectada e tiver só colonizado, a gente não precisa se preocupar com isso, mas tem que prevenir a infecção, porque como estar aberto? As bactérias podem se aproveitar a qualquer momento. Na hora de fazer o curativo é muito importante controlar a umidade. Não pode ser úmido demais e não pode ser seco demais. E o açúcar, onde entra nisso? E por que eu vi isso sendo utilizado na residência? Porque o açúcar é muito concentrado. Ele é hiper molar. Isso significa que quando ele entra em contato com alguma bactéria, ele vai chupar toda a água de dentro da bactéria, matando essa bactéria. Então ele tem um efeito bactericida de matar essas bactérias. Só que uma ferida aberta, ela também vai secretar bastante líquido. Então, se a gente coloca o açúcar numa ferida, no início, ele vai ter um efeito brilhante, bactericida. Só que, com o passar dos minutos, passar das horas, ele vai absorvendo esse líquido, vai diluindo esse açúcar, diminuindo essa hiper polaridade, e aí ele vai perder esse efeito bactericida. E aí o açúcar serve como alimento de bactéria. Então funciona o açúcar. Gente, açúcar numa ferida pra dar certo, tem que ser trocado o curativo de duas em duas ou de três em 03h00 para ser eficaz. E isso é extremamente desgastante. Tem muita coisa melhor e mais prática hoje em dia. Por isso que é muito importante que o curativo seja feito por alguém que entenda alguma enfermeira que seja especializada nisso ou algum cirurgião vascular que saiba o que é necessário para aquela ferida cicatrizar. Então, a minha recomendação hoje é que não faça de jeito nenhum algum curativo com açúcar. Não tem necessidade. É muito mais importante identificar a causa e tratar a causa do que tentar passar alguma coisa por uma cicatrização rápida. E, obviamente, a gente tem que pensar na prevenção dessas feridas. Cuidado com a pele, hidratação, tomar bastante água, a alimentação balanceada, o exercício físico para quem é diabético, controlar diabetes, controlar a glicemia e aí acertar a alimentação de novo. Mas é muito importante também para essas pessoas examinar os pés todos os dias como elas não tem a Sensible lidade muito boa, às vezes tem uma feridinha lá que está piorando gradativamente todos os dias e ela não percebe. Só vai ver quando o negócio já está gigante. Então, examinar todos os dias tem. Espero que você tenha gostado dessa história, dessa. Eu espero que você tenha gostado dessa história, desse mergulho no tratamento das feridas e úlceras. Não saia passando qualquer coisa que seja, qualquer indicação de qualquer um, ferida de verdade. E não é porque eu estou querendo bloquear algum tratamento milagroso, não é porque é muito mais importante você entender a causa do que passar alguma coisa para cicatrizar. Depois que você sabe a causa e resolveu a causa, pode deixar sozinho, o corpo resolve e cicatriza. O processo de cicatrização é muito complexo pra a gente conseguir resolver com uma planta ou uma substância só. Gostou desse vídeo? Inscreva se no nosso canal, compartilhe com os seus amigos, escreve lá embaixo seu comentário que eu estou lendo todos e fica ai que eu vou colocar o próximo melhor vídeo para você assistir.

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Açúcar: Do Passado ao Presente

Historicamente, o açúcar tem sido utilizado para tratar feridas devido às suas propriedades de desidratação, que ajudam a inibir o crescimento bacteriano. Descrito pela primeira vez em documentos do século XVII, o açúcar age através da osmolaridade elevada, criando um ambiente hostil para as bactérias. No entanto, a aplicação de açúcar em feridas exige trocas frequentes de curativos para manter sua eficácia bactericida, o que pode ser impraticável na rotina de cuidados modernos. Apesar de sua disponibilidade e baixo custo, especialmente em regiões produtoras de cana-de-açúcar como o Brasil, o uso de açúcar tem sido gradualmente substituído por terapias mais avançadas e práticas.

Mel: Um Poderoso Aliado Natural

O mel, por outro lado, oferece uma combinação única de propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e antioxidantes, graças à sua rica composição que inclui flavonoides e outros compostos bioativos. Estudos demonstram que o mel pode efetivamente prevenir infecções em feridas, promover a cicatrização e reduzir o tempo de recuperação. Sua eficácia é atribuída não apenas à sua atividade osmótica, como no caso do açúcar, mas também à sua capacidade de liberar peróxido de hidrogênio, um conhecido agente antimicrobiano. Além disso, o pH ácido do mel favorece o processo de cicatrização.

Mamão Papaia: Entre Benefícios e Cautelas

O uso do mamão papaia no tratamento de feridas remonta à Segunda Guerra Mundial, aproveitando-se de suas enzimas proteolíticas para remover tecido morto e promover a cicatrização. Embora essa propriedade possa ser benéfica na limpeza de feridas, a aplicação de papaia requer cautela, pois a atividade enzimática pode danificar tecidos saudáveis adjacentes, dificultando o controle do processo de desbridamento.

Considerações Modernas e Práticas Clínicas

O sucesso no tratamento de feridas não se limita à aplicação de substâncias com propriedades cicatrizantes. É essencial realizar um diagnóstico preciso para entender as causas subjacentes da ferida, sejam elas vasculares, infecciosas ou metabólicas, como no caso do diabetes. A escolha do tratamento deve ser baseada na eliminação dessas causas, no controle da infecção (quando presente) e na promoção de um ambiente favorável à cicatrização.

Conclusão

Embora métodos alternativos como o uso de açúcar, mel e mamão papaia ofereçam perspectivas interessantes para o tratamento de feridas, sua aplicação deve ser considerada com cautela e baseada em conhecimento científico atualizado. A medicina moderna enfatiza a importância de abordagens holísticas e individualizadas, que vão além de remédios caseiros, visando não apenas tratar a ferida em si mas também suas causas fundamentais e prevenir recorrências.

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